Seguranças do Pronto Socorro Central de São Gonçalo ameaçaram a deputada Janira Rocha e a impediram de vistoriar a unidade para investigar denúncias de maus tratos à população. A agressão aconteceu na manhã desta quarta-feira, dia 6. Janira estava acompanhada por duas diretoras do SINDSPREV-RJ, que também foram ameaçadas e ofendidas. O caso está sendo investigado pela polícia e será acompanhado pela Procuradoria da Assembleia Legislativa (Alerj).
Janira denunciou as agressões aos deputados durante a sessão da Alerj. Ela contou que foi ao Pronto Socorro apurar denúncias de que seguranças privados vinham agredindo e ameaçando usuários da unidade de saúde. Ao chegar ao local ela constatou os fatos e, ao pedir para falar com o diretor da unidade foi impedida pelos seguranças. "Vieram seis seguranças e me cercaram junto com as diretoras do sindicato; disseram que nós não entraríamos no hospital, que não poderíamos fazer a fiscalização e nesse momento passaram a me agredir com vários palavrões e o mais marcante deles foi quando disseram que eu não era Deputada em São Gonçalo. Eu poderia ser Deputada para os ladrões da Alerj, mas que lá eu não mandava nada e que eu não iria entrar na unidade", explicou Janira. Ela denunciou que, segundo funcionários do posto de saúde, os seguranças seriam milicianos. "Imaginem vocês, meus colegas Deputados, se uma Deputada e dirigentes sindicais, que têm a capacidade de se defender, são tratados desta maneira, como são tratadas as pessoas? Como é tratada a população de São Gonçalo, que não tem condições de se defender da virulência daqueles seguranças? ", discursou Janira no plenário da Alerj
Janira recebeu solidariedade de vários deputados. O líder do PSOL, Marcelo Freixo, apresentou moção de à direção do Pronto-Socorro Central de São Gonçalo. "A Deputada foi desrespeitada como pessoa, como mulher e o que ocorreu foi uma violação dos Direitos Humanos", disse Freixo. "É inconcebível que dentro de um espaço público, aconteça tal coisa. Se um hospital público precisa de capangas, é sinal de que boa coisa já não acontece ali dentro", completou o líder do PSOL. Segundo a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB) não foi a primeira vez que seguranças do Pronto Socorro impedem fiscalizações na unidade. Ela contou que, quando presidia o Conselho Regional de Enfermagem também passou por constrangimento o Pronto Socorro. "É como a Deputada Janira falou: se tratam as autoridades desse jeito, como não tratam os usuários e a população que precisa de assistência?", disse Rejane.
Cidinha Campos (PDT) cobrou providências da presidência da Alerj. "Quando a Casa age direito, vai defender o direito do cidadão, vai a um hospital ver o que está acontecendo, qualquer segurança particular pode agredir uma Deputada. É preciso que como instituição esta Casa tome uma providência", disse Cidinha. "Um deputado que tem a missão de fiscalizar não pode ser impedido de entrar em qualquer lugar do Estado do Rio de Janeiro, quanto menos na área da Saúde. Em qualquer lugar do Estado nós temos que entrar e fiscalizar", completou Wagmer Montes (PDT). Inês Pandeló (PT), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, também cobrou providências da direção da Alerj. Ela disse que a comissão vai acompanhar as investigações sobre as agressões à Janira.
O caso foi registrado na 74ª DP( Alcântara). O presidente da Alerj, Paulo Melo (PMDB), determinou que a Pocuradoria da Casa acompanhe as investigações. A chefe de Polícia Civil, delegada Marta Rocha, determinou rigor nas investigações.