Janira Rocha
O Brasil e o Rio de Janeiro em especial estão sentindo pela primeira vez a dor de um atentado à uma escola, vitimando dezenas de estudantes inocentes. Lamentamos profundamente a tragédia ocorrida na manhã de quinta-feira, na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, na Zona Oeste do Rio. Somos solidários à dor das mães que perderam seus filhos e aos estudantes e profissionais de educação que atuam na escola, pelos momentos de terror que enfrentaram. Nos solidarizamos também com os policiais e profissionais de saúde que atenderam às vítimas da tragédia.
Nós, que lutamos por uma sociedade melhor, mais justa e igualitária, não podemos porém nos acomodar na dor e na perplexidade. Não podemos deixar a consciência adormecer. A violência e o medo não constroem a paz e o futuro. É importante que reflitamos sobre este episódio, para evitar que casos semelhantes voltem a ocorrer.
Esperamos que as autoridades competentes procedam investigações sérias para apurar como o assassino obteve as armas e munições utilizadas no atentado. Cabe às autoridades ainda, e a todos nós, refletir sobre a necessidade de melhorias nas condições de segurança nas escolas públicas. Há anos profissionais de educação vêm denunciando o aumento da violência no ambiente escolar, motivada muitas vezes pela falta de condições de trabalho e de pessoal como inspetores e porteiros. As escolas públicas têm de continuar a ser ambientes democráticos, abertos às comunidades, mas com as condições adequadas de funcionamento e pessoal qualificado e bem remunerado.
É essencial também uma reflexão profunda sobre a saúde pública oferecida à população da Zona Oeste, área mais populosa da capital do estado. Por mais que o fato ocorrido seja um trágico problema de segurança pública, o atendimento às vítimas deixou à mostra as carências da Saúde na região. Se não fosse a dedicação e competência dos profissionais do Hospital Estadual Albert Schweitzer, para onde as vítimas foram removidas, o drama poderia ser maior. As remoções de crianças feridas para outras unidades hospitalares mostraram que já está mais do que na hora da rede pública da Zona Oeste ter condições de atender adequadamente à população, com todas as etapas do sistema de saúde, da média à alta complexidade. Que o drama dessa tragédia sem precedentes no Brasil sirva de reflexão para todos nós. Com a nossa solidariedade.