quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Complexos do Alemão e da Penha: dois anos de paz

 » Marcelle Colbert

Com a pacificação, moradores das comunidades reescrevem suas histórias


As histórias do comerciante Jorge Ribeiro da Silva, da auxiliar de apoio do Teleférico do Alemão Ryane Coutinho e do militar Antônio César de Souza se cruzam com a do início do processo de pacificação dos complexos da Penha e do Alemão. Dois anos depois, eles comemoram o próspero negócio, o emprego estável e a casa dos sonhos, conquistas que vieram junto com a retomada da paz nas comunidades, no dia 27 de novembro de 2010.

Para Ryane, a transformação das comunidades da Zona Norte, que servem como cenário da novela Salve Jorge, trouxe a estabilidade. Com a inauguração do Teleférico do Alemão, em julho de 2011, a jovem celebra um ano e quatro meses de carteira assinada como auxiliar de apoio do teleférico. Ela não é um caso isolado. O meio de transporte e nova atração turística do Rio de Janeiro, administrado pela SuperVia, gera 250 empregos, sendo 60% das vagas ocupadas por moradores dos complexos.

– Trabalhar na minha comunidade e em um dos pontos mais visitados da cidade é maravilhoso. Para mim, esse foi o maior legado que a pacificação deixará, fora as melhorias que estamos vendo na comunidade – disse Ryane, de 23 anos, que aproveita o crescente número de turistas que visitam a comunidade hoje para trabalhar também como guia turística.

Em Nova Brasília, a lanchonete Doce Lar também é outro resultado da paz que está mudando a cara do Complexo do Alemão. O negócio de família entrou para o roteiro gastronômico da região há quase dois anos. A lanchonete do famoso sanduíche Big Favella foi inaugurada dias depois do início do processo de paz da comunidade, onde o proprietário e comerciante Jorge nasceu e vive com a esposa e o filho.

– Dias depois da pacificação abri a minha doceria, que está prosperando como a comunidade. Tudo está mudando nos complexos da Penha e do Alemão: estamos ganhando novos heróis, os policiais, e novas gerações estão crescendo em outra realidade, numa realidade sem violência – contou.

Aos 54 anos, o militar Antônio decidiu se mudar para o Complexo do Alemão depois da pacificação das comunidades, que contam com quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e mais de mil policiais militares. Há um ano e oito meses, Antônio comprou uma casa na comunidade à procura de mais tranquilidade e sente as diferenças dos tempos em que evitava passar pelo complexo.

– Me mudei para a região logo depois da retomada de território. Antes, nem imaginava que iria morar no Alemão. Agora posso sentar em frente à minha casa e ver as crianças brincando livremente pela comunidade. É uma volta ao passado, ao tradicional subúrbio carioca – afirmou.

Quase 100 mil beneficiados com as UPPs

Assim como Jorge, Ryane e Antônio, os quase 100 mil moradores do Alemão, que já foi um dos complexos mais violentos da cidade, tiveram importantes conquistas: o Teleférico; melhorias com entrega de unidades habitacionais, áreas de lazer e esportiva, colégio e Unidade de Pronto Atendimento (UPA); além de desenvolvimento da economia. O complexo tem ainda o cinema que bateu recorde de público nacional, o CineCarioca 3-D, e também teve a regularização dos serviços de luz e TV a Cabo. Além disso, recebeu agências bancárias e filiais de grandes redes de varejo.

– A pacificação abriu uma janela de oportunidades para a entrada de serviços públicos e privados, projetos educativos, culturais, esportivos e de assistência social. Hoje vemos situações também impensáveis até a pacificação, como centenas de turistas viajando no Teleférico do Alemão para conhecer uma região diferente da cidade, que antes era perigosa e proibitiva – explicou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

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